BLOG PARA DIVULGAÇÃO DA LITERATURA RUSSA AOS FALANTES DE LÍNGUA PORTUGUESA.

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ALEKSANDR SERGUEIEVITCH PÚCHKIN, o poeta mais amado pelos russos, era bisneto, por linhagem materna, de um negro, o príncipe africano Ibrahim Petróvitch Gannibal, capturado e "presenteado" pelo sultão turco ao imperador russo Pedro I, que foi liberto, ganhou destaque na corte e se tornou almirante.

Aleksandr começou cedo a escrever bem, e a ser reconhecido por isso. Quando graduou no Liceu onde estudava, tinha alguns poemas com boa crítica. Envolveu-se nos círculos da juventude, tratando dos assuntos populares entre eles, inclusive assuntos políticos. Escreveu poemas de tendência liberal que o complicaram bastante, tendo sido interrogado e mandado ao exílio no sul da Rússia. Em 1825, esses poemas serviram de inspiração para os dezembristas, militares aristocratas que tentaram uma revolução liberal na Rússia. Em 1826, no entanto, Púchkin conseguiu voltar do exílio, tendo "combinado" com o tsar que o próprio monarca seria o censor das obras do poeta.

Sofreu, porém, ao perceber que, embora não mais exilado, tampouco estava livre. Não podia se locomover pelo país, nem publicar jornais, nem mesmo ler suas obras em público sem permissão oficial.

Púchkin era bastante pândego, gostava de frequentar a sociedade, de festas, e se envolveu com muitas mulheres, estabeleceu correspondência poética ou literária com algumas, dedicou poemas a outras. Era grande admirador de Byron, e alguns consideram que Eugênio Oneguin, o herói blasé de seu mais célebre romance em versos, era um personagem autobiográfico

Quando resolveu se assentar, Púchkin se casou com Natália Gontcharova, de tamanha beleza que contava até mesmo o tsar entre seus admiradores, e o casal Púchkin ganhou livre acesso à corte imperial. Púchkin, antes considerado opositor político, ganhou um título de nobreza (Kammerjunker). Ficou ofendido com isso, pois sabia que essagenerosidade tinha um motivo: permitir que a Sra. Púchkina tivesse a dignidade de um marido titulado para frequentar a corte. Tentou declinar da nomeação, mas recuou ao pensar que as consequências de aborrecer o tsar por este ato poderiam ser muito piores.

A partir desse período, Púchkin passou a ter algumas dificuldades financeiras – para custear a vida dispendiosa na “alta sociedade”, para administrar a propriedade que tinha herdado do pai, para pagar as dívidas de seu irmão problemático. Conseguiu um empréstimo, e, em 1836, foi-lhe permitido publicar um periódico, que acabou lhe dando mais dores de cabeça do que lucro.

Enquanto isso, Natalia Púchkina continuava granjeando admiradores. O mais insistente foi o francês d’Anthès, filho adotivo de um embaixador holandês, que acabou se casando com a irmã da Sra. Púchkina, Ekaterina, para abafar alguns incidentes escandalosos que apontariam para seu envolvimento com a esposa de Púchkin. Todavia, com a persistência daperseguição” do admirador, Púchkin o desafiou para um duelo, em que o escritor foi ferido mortalmente, atingindo o adversário de leve.

Ao seu velório, muitas pessoas atenderam, de todas as camadas sociais, de tal modo que o governo, por temer manifestações políticas, acabou deslocando as cerimônias fúnebres para uma igreja menor, com senha para os nobres e diplomatas (e eles) entrarem.

Púchkin é considerado por muitos o pai da língua russa, por ter contribuído imensamente para o desenvolvimento do idioma em sua forma culta/escrita/secular. Ele rompeu com o classicismo e com a tradição da nobreza russa de escrever apenas em francês, e enriqueceu imensamente não apenas o vocabulário da língua russa – como Shakespeare fez com o inglês – como também as formas literárias. Além de escrever sonetos, epigramas, elegias, e todas as formas conhecidas, Púchkin criou formatos poéticos novos, tais como a "a estrofe Oneguin" ou "soneto Púchkin", que têm padrão de métrica e rima específicos

Ele também valorizou muito a cultura russa em sua obra, escrevendo poemas sobre as tradições eslavas, contos em que figuram belamente as paisagens e nações do Império Russo, e peças e romances históricos em verso. 

Sua fase mais prolífica foi pouco antes do casamento, quando ele ficou detido por três meses na propriedade que tinha recebido de seu pai, no campo, em razão de uma epidemia de cólera asiática. Escreveu, então, os Contos de Belkin (traduzidos para o português), diversas obras épicas, e Eugênio Oneguin (Евгеный Онегин).

Outras obras famosas de Púchkin, dentre poemas, contos, romances, peças teatrais: Boris Godunov; Poltava; Os Ciganos; O prisioneiro do Cáucaso (poemanão confundir com o conto de mesmo nome, do Lev Tolstoy); Mozart e Salieri; e o romance A filha do capitão.

Aqui estão as resenhas dos livros dele e alguns poemas traduzidos para o blog:

Boris Godunov, Eugênio Oneguin, Os Contos de Belkin e outras obras de Púchkin podem ser adquiridas nos sebos e livrarias vinculados à Estante Virtual.

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