BLOG PARA DIVULGAÇÃO DA LITERATURA RUSSA AOS FALANTES DE LÍNGUA PORTUGUESA.

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NIKOLAI ZABOLÓTSKI (Kazan, 7 de maio de 1903 - Moscou, 14 de outubro de 1958) foi um poeta russo moderno, um dos fundadores do grupo vanguardista OBERIU, tendo sido o mais expressionista dos poetas russos, além de ser um importante tradutor de poesia. A obra poética de Nicolai Zabolótski pode ser dividida em duas fases, uma anterior ao seu envio para a Sibéria, outra posterior a este. Em seu primeiro momento, considerado o mais significativo por Boris Schnaiderman, sua obra assumiu acentuados tons expressionistas, transmitindo uma visão de mundo ora em clima alucinatório, ora em descrições de aspectos desconcertantes da civilização urbana, distinguindo-se "pelo estranho, o fantástico e o descomunal". Em um segundo momento, Zabolótzky renega esta mesma obra produzida na década de 1920, marcada pelo Expressionismo e pela linguagem Zaum de Khlébnikov, embora usasse esta de uma forma menos acentuada. (FONTE: Wikipedia - adaptado).

O poema abaixo faz parte da segunda fase da poesia do autor:

MENINA FEIA


Entre as outras crianças que brincam
Ela faz lembrar uma rãzinha.
A blusa feia enfiada nos calções,
Os anéis arruivados dos cachos
Desgrenhados, a boca longa, os dentinhos tortos,
Os traços do rosto agudos e feios.
Para dois menininhos da mesma idade dela
Os pais compraram uma bicicleta pra cada.
Hoje os meninos, sem se apressar pro almoço,
Pilotam pelo quintal, esquecidos dela,
Mas ela corre atrás deles, em seu rastro. 
A alegria alheia, tanto quanto a sua própria
A exaure, e explode para fora do coração,
E a menina regozija e ri,
Capturada pela felicidade da existência.
Nem sombra de inveja, nem mau desígnio
Ainda não conhece esse ser.
Para ela tudo no mundo é tão incomensuravelmente novo!
É tão vivo tudo que para outros está morto!
E eu não quero pensar, ao observar,
Que haverá um dia em que ela, soluçando,
Verá com terror que entre suas amigas
Ela é somente uma pobre feiosinha!
Eu quero crer que o coração não é um brinquedo,
Mal se pode parti-lo de repente!
Eu quero crer que essa chama pura
Que arde no fundo dela,
Curará sozinha toda a sua dor
E derreterá a pedra mais pesada!
E mesmo que os traços dela não sejam belos
E ela não tenha com que seduzir a imaginação,
A graça infantil da alma
Já lhe perpassa todos os movimentos.
Mas se isso é assim, então o que é a beleza,
E por que as pessoas a idolatram?
Ela é um jarro, no qual há um vazio,
Ou um fogo, cintilando em um jarro?

1955



НЕКРАСИВАЯ ДЕВОЧКА


Среди других играющих детей
Она напоминает лягушонка.
Заправлена в трусы худая рубашонка,
Колечки рыжеватые кудрей
Рассыпаны, рот длинен, зубки кривы,
Черты лица остры и некрасивы.
Двум мальчуганам, сверстникам ее,
Отцы купили по велосипеду.
Сегодня мальчики, не торопясь к обеду,
Гоняют по двору, забывши про нее,
Она ж за ними бегает по следу.
Чужая радость так же, как своя,
Томит ее и вон из сердца рвется,
И девочка ликует и смеется,
Охваченная счастьем бытия.
Ни тени зависти, ни умысла худого
Еще не знает это существо.
Ей все на свете так безмерно ново,
Так живо все, что для иных мертво!
И не хочу я думать, наблюдая,
Что будет день, когда она, рыдая,
Увидит с ужасом, что посреди подруг
Она всего лишь бедная дурнушка!
Мне верить хочется, что сердце не игрушка,
Сломать его едва ли можно вдруг!
Мне верить хочется, что чистый этот пламень,
Который в глубине ее горит,
Всю боль свою один переболит
И перетопит самый тяжкий камень!
И пусть черты ее нехороши
И нечем ей прельстить воображенье,-
Младенческая грация души
Уже сквозит в любом ее движенье.
А если это так, то что есть красота
И почему ее обожествляют люди?
Сосуд она, в котором пустота,
Или огонь, мерцающий в сосуде?

1955

Николай Заболоцкий

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